A Manipulação dos Juros: Como o FED Sabota o Mercado e Alimenta os Ciclos Econômicos

Política Apr 08, 2025

O que são os juros?

Os juros são um reflexo da preferência temporal dos indivíduos: o valor que damos ao consumo no presente em comparação ao consumo no futuro. Em termos práticos, se alguém te pede dinheiro emprestado hoje e promete devolver só daqui a um ano, faz sentido você querer algo em troca por ter que esperar e postergar o consumo — esse “algo a mais” é o juro.

Nas palavras da Escola Austríaca, os juros não são um fenômeno artificial ou técnico, mas sim um fato da realidade humana: tempo tem valor. E como o tempo passa para todos, a preferência temporal é um traço universal. Logo, juros sempre existirão — e isso independe de moeda, bancos ou qualquer arranjo institucional.

Juros e poupança

Num mercado genuinamente livre, os juros emergem da relação entre dois grupos:

  1. Poupadores, que abrem mão do consumo presente para acumular bens que serão utilizados no futuro.

  2. Investidores, que tomam emprestados esses recursos para realizar projetos que renderão frutos adiante.

Quando há muita poupança, a taxa de juros tende a cair, pois há mais capital disponível para investimentos. Quando há pouca poupança, os juros sobem, pois o capital é escasso. Simples assim. É uma dinâmica voluntária, descentralizada e natural — e, portanto, intolerável para os engenheiros sociais e planejadores centrais.

Como sabotar tudo

O problema começa quando uma entidade com poder coercitivo — como um banco central, como o Federal Reserve (FED) — resolve interferir nesse processo natural. Em vez de permitir que os juros sejam determinados pelas preferências temporais das pessoas, o FED manipula a taxa básica de juros da economia, criando a ilusão de que há mais poupança do que realmente existe.

Como ele faz isso?

Simples: imprimindo dinheiro do nada e injetando esse capital nos mercados financeiros por meio da compra de títulos, operações com bancos e linhas de crédito. Essa expansão monetária distorce os sinais econômicos: os juros caem artificialmente, mesmo sem um aumento real na poupança. O crédito se torna barato — mas ilusoriamente.

O efeito prático dessa mentira monetária

Empresas e investidores, enganados por esses juros baixos, começam a empreender projetos de longo prazo como se houvesse capital real disponível para sustentá-los. Shoppings, fábricas, startups, construções, tudo parece viável. A sensação é de prosperidade: mais empregos, salários, consumo e lucros.

Mas há um detalhe crucial: a preferência temporal da população não mudou. As pessoas continuam consumindo no presente — e não há bens de capital suficientes para suprir os dois desejos ao mesmo tempo: o consumo presente e os investimentos de longo prazo.

Com o tempo, a realidade bate à porta: os preços dos bens de capital sobem, os custos dos projetos disparam, os empréstimos se tornam mais caros e muitos empreendimentos tornam-se inviáveis. Então vem a quebradeira: demissões, falências e recessão. Todo o “crescimento” anterior se revela uma miragem inflacionária.

Ciclos econômicos: uma criação do Estado

Esse processo de boom artificial seguido de colapso inevitável é o que Mises e Hayek explicaram como o Ciclo Econômico Austríaco. Não é um “erro do mercado”. É o resultado direto da distorção dos sinais econômicos provocada pela manipulação dos juros. E o culpado tem nome: o banco central — neste caso, o FED.

O FED não é um árbitro neutro. Ele é um planejador central disfarçado de autoridade monetária. Seu objetivo real é manter o sistema financeiro vivo à base de impressora. Ele socializa prejuízos, distorce o cálculo econômico e destrói o processo de alocação racional de capital. Tudo isso enquanto afirma estar “estabilizando a economia”.

A consequência disso? Inflação, endividamento, má alocação de recursos e, acima de tudo, roubo institucionalizado da poupança das pessoas comuns. O juro baixo artificial é um imposto oculto. É uma forma disfarçada de pilhagem, uma transferência silenciosa de riqueza dos poupadores — que trabalharam e se abstiveram do consumo — para os primeiros recebedores do novo dinheiro, como bancos e governos. Essa manipulação é um confisco disfarçado, que destrói capital real e sabota o esforço honesto de quem poupa.

O caminho da correção

Para que os juros cumpram sua função genuína — sinalizar a escassez ou abundância de capital — é preciso eliminar a interferência coercitiva dos bancos centrais. Em um mercado verdadeiramente livre, sem manipulação monetária, os juros seriam determinados pela poupança real, e não por burocratas em Washington.

Isso exige o fim do monopólio estatal sobre a moeda. Exige a destruição da base legal que sustenta o cartel bancário. E exige uma transição para formas de dinheiro que não podem ser inflacionadas por decreto, como o ouro ou — melhor ainda — o Bitcoin.

Para finalizar

Os juros não são uma variável a ser “ajustada” por tecnocratas com PhDs. Eles são a expressão natural das escolhas humanas diante do tempo. Qualquer tentativa de manipular essa realidade só pode gerar desequilíbrios, crises e sofrimento econômico.

Enquanto o FED existir, ciclos econômicos serão inevitáveis. Não por causa do mercado — mas porque um punhado de burocratas acredita que sabe mais do que milhões de pessoas agindo voluntariamente.

Liberdade monetária é a única solução. E a destruição do banco central é apenas o começo.

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ΜΟΛΩΝ ΛΑΒΕ

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